Diário de bordo de encontros de vida e esperança
Diante do carinhoso convite do nobre poeta Antonio
Manoel Abreu Sardenberg, para compor com outros amigos a
retrospectiva do 1º e 2º Encontros do Site resolvi presentear-lhe
com uma lembrança singela: o meu diário de bordo dos encontros, pois
aprendi com o meu honrado e falecido pai Francisco Gonçalves Dias,
que quando somos dignificados com amor precisamos esquecer a vaidade
e o orgulho e entregar apenas a chave do coração.Então nobre e
ilustre poeta e amigo, se o meu diário for simples demais para o
livro onde escreve tão nobres almas de poetas guarde-o apenas como
recordação de nossa mais pura amizade: isto é o mais importante!
Saí de Macaé às 16 horas com destino a São Fidélis
cidade poema, para encontrar com o poeta Sardenberg e sua esposa
Marlene Rangel Sardenberg, em cujas companhias eu iria para a cidade
de Juiz de Fora-MG, onde seria realizado o 2º Encontro do Site Alma
de poeta, em comemoração ao 3º aniversário do Site.
Estava feliz e ansiosa com as surpresas que me
aguardariam desta vez. Conhecendo Sardenberg, Marlene (sua esposa) e
Rita Bello, a competente webdesign do Site, já sabia que tudo seria
impecável e encantadoramente inesquecível. Cheguei às 18hs e 20 min
em São Fidélis.
Na chegada quando passei pela Fazenda da Pedra, onde
foi realizado o cafezinho de despedida do 1º Encontro do Site, meu
coração começou a bater no compasso das lembranças, das saudades dos
amigos e das emoções causadas pelos momentos vivenciados: a recepção
da chegada pelo anfitrião, o poeta Antônio Manoel Abreu Sardenberg,
que não escondia sua emoção em conhecer e recepcionar os amigos, até
então virtuais; a alegria de Hildebrando Lamberti, leitor apaixonado
pelo site e da poetisa Maria Granzoto, figura carismática e de
poética refinada, apreciada e reconhecida no mundo literário; o
trenzinho da alegria, no passeio em São Fidélis; o almoço com os
amigos que ainda chegavam de todos os recantos do Brasil,
principalmente a caravana da família Bello (e Deus criou a
animação!); o jantar de comemoração regado a vinho; o sarau com os
poetas convidados (Gilson, Jacob, Teca, Margot, Maria); o varal
mágico ornado com as belas poesias dos poetas e poetisas presentes e
as lembranças-memória do Encontro, mimos preparados por Teca e
Margot, as inseparáveis amigas poetisas; a música ao vivo, o bailado
dos amigos... Tudo voltava a minha memória com indizível emoção e
encantamento, ainda vívidos. Ouvia o Tim-Tim das taças de vinho
tinto nos brindes com os amigos e lembrava a poesia “Duas Taças” do
poeta Sardenberg, que recebi, assim como todos os outros amigos do
site, após retornar a minha residência em Macaé, que havia ficado
estranhamente vazia e fria, após aqueles momentos de encantamento e
magia, até receber o poema Duas Taças e ter novamente o coração
aquecido pelas lembranças... Eternamente!
Nos dias seguintes ao encontro chegaram as fotos
enviadas pelos amigos e a magistral retrospectiva elaborada
caprichosamente pela poetisa Maria Granzoto. A emoção dessas
lembranças, as saudades dos amigos (Maria Granzoto, José Antônio
Jacob, Hildebrando, Teca Miranda, a doce Margot e seu amado marido
José Roberto, Hilda Darbelly, que tanta falta nos fez desta vez,
Luzia, Gilson, Dada, Lineu, Rita Bello e os outros “Bello”, com a
sua inusitada alegria, que trazem para os encontros uma alegoria
indescritível); os anfitriões do encontro, o clã dos Sardenberg: o
poeta Antônio Manoel, Marlene, Andrezza e Júlio, Matheus e Hariani e
tantos outros convidados do site, familiares e amigos do Sardenberg,
que participaram do encontro. Tudo isso, inebriou-me totalmente e
precisei parar na estrada, naquela linda estrada harmoniosamente
“acompanhada” e contornada pelo Rio Paraíba e recompor-me para
acabar de chegar.
No hotel, naquele mesmo hotel do ano anterior, onde o
Doutor Poeta é amado e respeitado como um cidadão honorável
esperava-me sua impecável gentileza, para mais uma sessão de emoção:
e lá estava o poeta-rei de Hildebrando e todos nós, sorridente e
feliz, com as promessas do 2º encontro.
Discretamente no meio dos cumprimentos afetuosos, ele
abriu o porta-malas de seu carro e mostrou-me a sua bagagem já
arrumada. Até aí tudo bem.Pensei. Perguntei-lhe também sutilmente,
se as malas de sua esposa Marlene já estavam no carro e ele disse-me
que não, observando a minha reação, mas continuei pensando que
cabiam as minhas malas sem problemas, contudo fiquei “conectada”
neste ponto. Tem algo aí. Tive a certeza! Mas... Em seguida, ele com
sua habitual gentileza, convidou-me para um cafezinho em sua
esplêndida residência, aquela casa de contos de fadas, que os que
vieram para o 1º encontro já conhecem, ornada com aquele mágico,
lindo e cuidado jardim, que a qualquer momento você pensa que vai
encontrar a chave do “Jardim Secreto”.
Lá Marlene, já nos esperava, para após o cafezinho e o
bate-papo informal irmos a uma festa na casa de sua simpática amiga
Heloísa. Começaram assim as festividades do 2º encontro: brindes,
alegria, emoção, carinho e uma suspeita... o que ele queria dizer-me
sobre o porta-malas? Mas como as mulheres conhecem bem as outras,
sabia onde teria a resposta, antes que fosse tarde demais!
No momento dos drinques na casa de Heloísa perguntei a
Marlene se iria mais alguém conosco, mas a resposta não veio, pois
segundo ela quem iria seria a própria Heloísa, que desistiu da
viagem por causa do aniversário do filho.Diante da dúvida insinuei
ao poeta que minha bagagem era grande e ele, sem dizer-me que tinha
problema, mostrou-me mais uma vez o porta-malas e disse-me como se
não fosse importante, que teríamos como passageira extra uma leitoa.
Eureka!!!
No dia seguinte precisávamos acordar cedo, pois alguns
amigos já nos aguardavam em Juiz de Fora: Rita, Patrícia (que eu
ainda não conhecia) e Hildebrando, o fiel escudeiro, que depois de
uma longa viagem pela Europa veio direto para Juiz de Fora para
participar do 2º encontro. Ele não perderia por nada, assim como eu!
Aprendemos a valorizar as coisas verdadeiramente importantes na
vida: amigos e momentos felizes. Tim-Tim!
Mas sair de São Fidélis não foi fácil. Precisávamos
achar a leitoa, o caso do porta-malas estava resolvido: existia uma
famosa leitoa, que precisava “embarcar”, pois o Poeta não abria mão
dela. Tinha combinado com os amigos poetas que levaria a leitoa de
qualquer jeito e palavra de poeta, não é qualquer palavra: precisa
ser respeitada. E onde estava a leitoa?
Procuramos um longo tempo na cidade pela leitoa, que
foi dali para lá... Na noite anterior, quando o assunto da leitoa
surgiu e o poeta mostrou-me mais uma vez o bagageiro do carro,
pensei, minha bagagem precisa ser reduzida diante de tão importante
carga e ele discretamente está sinalizando isto. Não posso reclamar,
pois afinal é a leitoa do poeta e carona não reclama: dei o meu
jeito e deixei metade das coisas no Hotel em São Fidélis (nada que
outra mulher não entenda, pois bagagem de mulher nunca tem
explicação e se precisarmos explicar: culpamos sempre a previsão do
tempo!).Enfim depois de tudo resolvido na cidade, nossa viagem com
destino a Juiz de Fora começou com as brincadeiras sobre a
importante passageira. Eu e Marlene sabíamos que tínhamos que
aceitar o fato de que a nossa bagagem era menos importante do que o
apetite do poeta! Marlene adotou-me de imediato e o poeta ficou meio
esquecido...A viagem transcorreu numa harmonia simpática e reverente
minha e de Marlene em relação à outra passageira. Aprendemos a
respeitar os mortos e as divindades! Mas nos vingamos na hora das
compras de pedras semi-preciosas na estrada. Tudo em paz! O poeta
também não reclamou!
Foi tudo muito descontraído e divertido e apreciei cada
pedacinho daquela mágica viagem, que tem toda a extensão da estrada
ornada com as mais lindas árvores do Brasil. Chegamos finalmente a
Pousada Aconchego de Minas, em Juiz de Fora, aos abraços afetuosos
de Patrícia (leitora do site), Rita, Hildebrando e Glória Guedes,
que já estavam ansiosos com o nosso atraso, por culpa da leitoa.
Mais tarde foram chegando os outros amigos do site e os
poetas: Gilberto Vaz de Mello, Herculano Ericeira Coelho e sua
esposa Gracinha, Luiz Poeta e Denise, a Caravana do Rio de Janeiro:
Neli Neto, Marilda Conceição, Sonia Maria Grillo (Baby), Nidia
Vargas Potsch e outras poetisas, Zena Maciel de Recife/PE, Laís e
Paulo, as presenças marcantes e constantes das simpáticas,
inseparáveis e queridas poetisas Teca e Margot, acompanhadas dos
seus maridos, Ione Bello, Marlene Bello, Bellinho e outros
integrantes da grande e irreverente família Bello, que como sempre
comanda a descontração do encontro.Almoçamos todos juntos na
sexta-feira 05 e a noite saboreamos, como vingança final, a famosa
leitoa regada a vinho, cerveja e a famosa cachaça de São Fidélis,
tudo na medida certa, parafraseando o poeta Sardenberg, ao som das
composições de Luís Poeta (voz e violão) e Bellinho. E com Glória
Guedes, convidada simpaticíssima deste encontro, que não perdia
nada: registrando com sua máquina fotográfica em punho cada momento
com eufórica sensibilidade.
No dia seguinte o cafezinho foi o momento de
encontrarmos outros amigos que chegavam: Dadá, Gilson e outros, que
após o café nos acompanharam para visita histórico-cultural ao Museu
Mariano Procópio (imperdível!), Universidade de Juiz de Fora e
outros pontos turísticos significativos da cidade. Visita guiada
organizada em cortesia ao poeta pela Secretaria de Turismo e Cultura
de Juiz de fora.(Um exemplo para ser seguido em outras cidades
brasileiras).
Tivemos após a visita a cidade mais um almoço de
confraternização e bate-papos informais e reunião de poetas dirigida
pelo poeta Sardenberg. Na oportunidade ele expôs aos poetas
presentes os objetivos do projeto do Site e convidou a todos para
integrarem o grupo Alma de Poeta em prol da cultura e da
solidariedade humanas.
À noite, na comemoração mais formal e elegante: a hora
do bolo, das “justas homenagens” ao poeta Sardenberg, o clima chegou
ao auge da euforia, animação e encantamento, onde podia perceber-se
a poesia estampada no brilho de cada olhar, nas faces alegres, nos
abraços afetuosamente apertados dos velhos e novos amigos numa
autêntica manifestação de amor e confraternização e na saudade
velada dos amigos, que não estiveram presentes este ano. O baile,
com a animação dos Bello, transformou-se numa esfuziante festa a
fantasia. As fotos dirão melhor que eu!E o poeta foi coroado Rei!
Registro aqui, o meu sincero respeito, ao nobre e
ilustre poeta Sardenberg, sua esposa Marlene, por apoiá-lo neste
sonho de construir um País melhor e mais humano, Rita Bello,
competente e incansável webdesign e a todos àqueles que participam
deste projeto cultural (leitores e poetas), pois como profissional
da educação e cultura, acredito verdadeiramente que não é mais
possível pensar-se em educação para a cidadania, muitos menos numa
educação que pretenda assumir a função de construir sujeitos, sem a
garantia de uma educação estética e sentimental. E a poesia
possibilita o reencontro com a alma, a vibração com a vida. Que
possamos desenvolver todos então, Almas de Poetas!
Com alma de criança, que me faz brincar com a vida e o
meu eterno carinho, esperarei ansiosamente o próximo re-encontro de
nossas almas apaixonadas pela vida e pela poesia.
Nelma Rubim Gonçalves Dias
Macaé, 12 de Outubro de 2007
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