Minha avó
sempre falava:
- Só petisca quem arrisca.
E eu, de inicio, perguntava:
- Vovó, o que é petisca?
Ela, então, me respondia:
- Petisca é de petiscar,
conseguir alguma coisa
que se sonhava ganhar.
E pra isso precisamos
arriscar nosso pescoço,
se não outros comem carne
e nós roemos o osso.
O mundo tem muita gente
e a vida é um constante risco
pra quem quer chegar na frente
e conseguir um petisco.
E o que seria um petisco?
- Petisco é uma coisa boa,
um filezinho de peixe,
um lombinho de leitoa...
Também pode ser um prêmio,
pode ser até um beijo
de alguém por quem se soluça
e se mata de desejo.
Vovó sabia das coisas,
mas as coisas também mudam
e as suas filosofias
agora não mais me ajudam,
pois o petisco que eu busco
- com tanto risco a buscá-lo -
não é lombinho de porco
e nem filé de robalo,
nem licor de jenipapo,
nem goiabada ou chuvisco,
é o petisco mais gostoso
que compensa qualquer risco.
Mais que lucro, mais que prêmio,
é sentir, na ânsia louca,
o sabor salgado e doce
que mora na tua boca.
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reservados ao autor
Escritor e
poeta Fidelense
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