Maria Nascimento Santos Carvalho


Naquele dia 23 de setembro
dia ficou maravilhosamente claro,
o céu, levemente colorido,
ornamentado de nuvens de brinquedo,
que se faziam e se desfaziam
num abrir e fechar de olhos.
 


As flores se tornaram mais viçosas
e desabrocharam antes dos primeiros raios de sol.
 


A lua nova,
que mais parecia um traço de giz
na tela do firmamento, curiosa,
fingiu que esqueceu de se recolher na hora marcada,
e olhava, sonolentamente a transformação da Natureza.
 


As estrelas se abalroavam,
por trás das cortinas do espaço,
extasiadas com a paisagem celeste
e, de vez em quando,
desfilavam entre uma e outra nuvem de brinquedo...
 


O mar vestiu-se de calmaria
para esperar o alvorecer da Primavera...
Havia música no ir-e-vir das vagas
que davam cambalhotas, rodopiavam graciosamente
e se enroscavam nas espumas rendadas,
imaculadamente brancas,
do mar de águas mornas e insinuantes.
 


O Sol, convidado de honra,
acordou mais cedo, tomou banho de cheiro,
e desengavetou sua roupa de gala,
há meses fora de uso,
para recepcionar o surgir do novo dia,
o desabrochar da nova Estação.
 


Timidamente, numa curva distante,
um arco-íris se fez presente,
com seus lindos anéis coloridos,
para dar um encanto especial
à longínqua esquina do infinito.
 


E, naquele dia 23 de setembro,
até as águas-vivas que anunciam perigo no mar,
se tornaram amigas, sensíveis e inofensivas,
Porque era o dia da chegada da Primavera...

 


Maria Nascimento Santos Carvalho

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