Artur da Távola

 

 

Manhãs indefinidas,
O Cisne de Tuonela
Vagueia na alma.
O vento está enigmático.


Manhãs sem sol,
Nem definição de vida,
Esparsas lembranças,
Atiçam o burlar deveres.


Manhãs molengas,
Somos todo interioridades,
Lembranças do ignoto
Sem alegria ou tristeza.


Manhãs brumosas
O céu indefinido.
Nenhuma cor predomina
Na alma estapafúrdia.


Manhãs ganhoperdidas
Na falta de vontade
E um torpor com algo de delícia
Pacifica a imposição do poema


Manhãs serenas
Nem preguiça nem ações
Espaço da alma em preparo,
Sem recados, alusões ou deveres.


Manhãs sorrateiras,
O bem e o mal em silêncio.
Uma dor que alivia
O susto de existir.

 

 

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