O VIRA LATA

Ele aparece sempre de repente,
Na ruazinha ainda ensolarada,
Esmiuçando o chão à sua frente:
De vez em quando volta e fita o nada.

E, logo, vai adiante novamente
Em gesticulação mais animada,
Quando numa caçamba ele pressente
Ter encontrado um mimo na calçada.

Então vira o latão enferrujado,
E ali remexe um sujo guardanapo
Que alguém deixou com resto de comida.

Depois, vai removendo, com cuidado,
Pedaço por pedaço do fiapo,
De uma migalha que sobrou da vida.

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