O VENDEDOR DE BONEQUINHOS

De manhãzinha, à beira da calçada,
Diariamente a corda eu estendia,
E pendurava nela uma braçada
De bonequinhos feios que eu vendia.

Eram polichinelos que eu fazia
De trança de algodão, mal desfiada...
No pano das feições não conseguia
Puxar-lhes traços de melhor fachada.

Ao desbotar o azul, no fim do dia,
Quando eu os desatava dos alinhos
Desse varal de cordeação brilhante,

Esses desengonçados bonequinhos
Desciam-me nas mãos com alegria
E me davam abraços de barbante.

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