O AMOR

O amor abre a ferida mais dolente
E acende, pouco a pouco, a chama atroz,
É um grito de mil vozes pela mente
Que atende docemente uma só voz.

Ele chega mansinho como o algoz
Felino, que se volta de repente,
E afaga com desvelo as almas sós,
Depois crava-lhes garras, inclemente.

E veja a imensa sombra que se arvora,
E ainda que tenha a suave imagem santa,
A fera se levanta e nos devora!

Amor: o seu mistério nos espanta!
O pouco que acalanta sem demora
É muito que apavora, mas encanta...

- 50 -

- 49 -

http://www.avbl.com.br