FIGURINHAS

Por onde eu ando levo a mágoa estranha
De uma culpa, uma dor que me desola:
É uma pequena voz que me acompanha
Que é de uma criança que me pede esmola.

Assim como um vinil que na vitrola
Engasga na canção que a agulha arranha,
Meu velho coração no peito embola
Na mesma frase que o incomoda e assanha.

Para me distrair, da minha rede,
Enquanto me descanso do verão
Rabisco caretinhas na parede...

Risonhas figurinhas de carvão
Agradecidas de não terem sede
Nem de precisarem pedir-me pão.

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