CONTEMPLAÇÃO

Muitas vezes eu mesmo me pegava
Debruçado em meus próprios desenganos
Na sacada da casa onde eu ficava
Feito um velho guri fazendo planos.

Nessas horas sozinhas que eu passava,
No agasalho macio dos meus panos,
Pelo chão que eu andava eu recontava
Os pisados ladrilhos dos meus anos.

E mesmo tendo a vista desbotada
À distância dos risos da ciranda,
Tanta ausência não me deixou descrente.

Fiquei ali sorrindo para o nada,
Contando os azulejos da varanda
Enquanto a vida prosseguia em frente.

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