A MULHER E A ROSEIRA

Essa roseira, sempre silenciosa,
Não teve em sua vida outros caminhos,
E, desde que perdeu a última rosa,
Dobrou-se sob o peso dos espinhos.

E essa mulher que passa esperançosa,
Afagando os seus filhos com carinhos,
Faz-me crer, de uma forma tão piedosa,
Que vi Nossa Senhora e os seus anjinhos.

A roseira, a chorar as suas dores,
Fica no meu canteiro, ao sol e à lua,
Descrente do milagre de outras flores.

E a mãe, que passa em frente, continua...
Esquecida dos próprios dissabores
Vai beijando os seus filhos pela rua.

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