A AURORA DA VELHICE

Passo uma noite enfermo e desgostoso
A fumar, encolhido, na sacada,
E a olhar o vento suave e silencioso
Varrer as folhas mortas na calçada.

E entre cada suspiro de tragada
Desprendo, do cigarro vaporoso,
A mágoa de um soluço doloroso
Que em névoa vai se misturar ao nada.

E a contemplar o espaço espero a aurora,
Sabendo que a minha alma está indo embora
Nessa fumaça que na bruma sonha...

E dói, inda mais fundo, o peito doente,
Quando percebo ao longe o sol-nascente
Abrir no céu uma manhã risonha.

- 08 -

- 07 -

http://www.avbl.com.br