Alceu Wamosy
Ó calvário do Verso! Ó Gólgota da
Rima!
Como eu já trago as mãos e os tristes pés
sangrentos,
De te escalar, assim, nesta ânsia que me anima,
Neste ardor que me impele aos grandes
sofrimentos...
Esta mágoa, esta dor, nada existe que exprima!
Sinto curvar-me o joelho a todos os momentos!
E quanto falta, Deus, para chegar lá em cima,
Onde o pranto termina e cessam os tormentos...
Mas é preciso! Sim! É preciso que eu carpa,
Que eu soluce, que eu gema e que ensangüente a
escarpa,
Para esse fim chegar, onde meus olhos ponho!
Hei de ascender, subir, levando sobre os ombros,
Entre pragas, blasfêmeas, gemidos e assombros,
A eterna Cruz pesada e negra do meu Sonho!
Todos os direitos reservados ao
autor
1895-1923
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Biografia
Alceu de Freitas Wamosy (Uruguaiana
RS, 1895 - Livramento, atual Santana do Livramento RS, 1923).
Publicou seu primeiro livro de poesia, Flâmulas, em 1913. Na época
já trabalhava como colaborador no jornal A Cidade, fundado por seu
pai, em Alegrete, RS. A partir de 1917 tornou-se proprietário do
jornal O Republicano, apoiando o Partido Republicano. Continuou
colaborando para diversos periódicos, como os jornais A Notícia, A
Federação, O Diário e a revista A Máscara. Publicou as obras
poéticas Na Terra Virgem (1914) e Coroa de Sonho (1923).
Postumamente foram publicados Poesias Completas (1925) e Poesia
Completa (1994). Poeta simbolista, Alceu Wamosy escreveu poemas
cheios de desencanto, em uma produção que se destacou no sul do país
e é uma das mais significativas do Simbolismo brasileiro.
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