Biografia
Paulo Setúbal (P. S. de Oliveira), advogado, jornalista,
ensaísta, poeta e romancista, nasceu em Tatuí, SP, em 10 de
janeiro de 1893, e faleceu em São Paulo, SP, e, 4 de maio de
1937. Eleito em 6 de dezembro de 1934, sucedendo a João
Ribeiro, foi recebido em 27 de julho de 1935, pelo acadêmico
Alcântara Machado. Órfão de pai aos quatro anos, sua mãe
cuidou sozinha de nove filhos pequenos. Ela colocou o pequeno
Paulo como interno no colégio do seu Chico Pereira e começou a
trabalhar para viver e sustentar os filhos. Transferindo-se
com a família para São Paulo, o adolescente Paulo entrou para
o Ginásio Nossa Senhora do Carmo, dos irmãos maristas, onde
estudou durante seis anos. Aí começou o interesse pela
literatura e pela filosofia. Leu Kant, Spinoza, Rousseau, Schopenhauer, Voltaire e Nietzsche. Na literatura,
influenciou-o sobretudo a leitura de Guerra Junqueiro e Antero
de Quental. Muitas passagens do seu primeiro livro de poesias,
Alma cabocla, lembram a Musa em férias de Guerra Junqueiro.
Esse período de sua vida é de franco e desenfreado ateísmo.
Fez o curso de Direito em São Paulo. Ainda freqüentava o 2o
ano quando decidiu fazer-se jornalista. Era a época da
campanha civilista quando foi procurar emprego no diário A
Tarde. Lá ingressou como revisor; logo a seguir, a publicação
de uma de suas poesias naquele jornal deu-lhe notoriedade
imediata, e ele ganhou sua primeira coluna como redator. Já
nessa época começava a sentir os sinais da tuberculose que
iria obrigá-lo a freqüentes interrupções no trabalho, para
repouso.
Concluído o curso de Direito em 1915, iniciou carreira na
advocacia em São Paulo. Em 1918, devido à gripe espanhola,
Paulo Setúbal partiu para Lages, em Santa Catarina, onde
morava o irmão mais velho, e lá tornou-se um advogado
bem-sucedido. Levava, porém, uma vida dissoluta, às voltas com
mulheres e com o jogo. Cansado de tudo, voltou para São Paulo,
e também lá se estabeleceu como advogado.
Iniciou-se, então, a principal fase de sua produção literária,
que o levaria a ser o escritor mais lido do país. Destaca-se,
especialmente, pelo gênero do romance histórico, com A
marquesa de Santos (1925) e O príncipe de Nassau (1926). Sabia
como romancear os fatos do passado, tornando-os vivos e
agradáveis à leitura. Os sucessivos livros que escreveu sobre
o ciclo das bandeiras, a começar com O ouro de Cuiabá (1933)
até O sonho das esmeraldas (1935), tinham o sentido social de
levantar o orgulho do povo bandeirante na fase pós-Revolução
constitucionalista (1932) em São Paulo, trazendo o passado em
socorro do presente.
Em 1935, Paulo Setúbal chegou ao apogeu, sendo consagrado pela
Academia Brasileira de Letras. Mas, nesse mesmo 1935 ele
ingressa em nova fase da crise espiritual que vinha de longe e
que terá repercussão em sua literatura. O temperamento
sociável, expansivo e alegre; o freqüentador de festas e
reuniões dava lugar ao homem introspectivo, vivendo apenas
cercado da família e dos amigos mais próximos. Aos problemas
crônicos de saúde acrescentava-se a minagem psicológica
ocasionada pela desilusão com os rumos da política e consigo
mesmo. Entrou a freqüentar fervorosamente a igreja da
Imaculada Conceição, perto de sua residência em São Paulo, e a
ler a Bíblia e livros como a Psicologia da fé e A imitação de
Cristo. É quando escreve o Confíteor, livro de memórias, a
narrativa de sua conversão, que ficou inacabado.
Obras: Alma cabocla, poesia (1920); A marquesa de Santos,
romance-histórico (1925); O príncipe de Nassau, romance
histórico (1926); As maluquices do Imperador,
contos-históricos (1927); Nos bastidores da história, contos
(1928); O ouro de Cuiabá, história (1933); Os irmãos Leme,
romance (1933); El-dorado, história (1934); O romance da
prata, história (1935); A fé na formação da nacionalidade,
ensaio (1936); Confíteor, memórias (1937).
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