A vida, manso lago azul algumas
Vezes, algumas vezes mar fremente,
Tem sido para nós constantemente
um lago azul sem ondas, sem espumas,


Sobre ele, quando, desfazendo as brumas
Matinais, rompe um sol vermelho e quente,
nós dois vagamos indolentemente,
como dois cisnes de alvacentas plumas.


Um dia um cisne morrerá por certo:
quando chegar esse momento incerto,
No lago, onde talvez a água se tisne,


Que o cisne vivo, cheio de saudade,
Nunca mais cante, nem sozinho nade,
Nem nade nunca ao lado de outro cisne!

 

 

 

1872 / 1948

 

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