A namorada do Mário,
Lia - um anjo de inocência,
Para um caso de consciência
Vai consultar o vigário.

E, a face rubra de pejo,
Lhe pergunta se é pecado
Dar um beijo ao namorado,
Ou dele levar um beijo.

Diz o padre: - Um beijo apenas
É pecado, dos veniais,
Mas sendo dois, três ou mais
Merecem do inferno as penas.

Lia está de causar dó!
Pavor do inferno, bem vejo,
Ela bem sabe que o beijo
Não se dá nem leva um só...

 

 

1882/1957

 

Todos os direitos reservados ao autor

 

 

Biografia

 

 


Manoel Bastos Tigre nasceu no Recife (PE), a 12 de março de 1882, filho de Delfino da Silva Tigre e Maria Leontina Bastos Tigre.
Faleceu no Rio de Janeiro, a 2 de agosto de 1957.

Estudou no Colégio Diocesano de Olinda (PE), onde compôs os primeiros versos e criou o jornalzinho humorístico
O Vigia. Diplomou-se pela Escola Politécnica, em 1906. Trabalhou como engenheiro da General Electric e depois foi ajudante de geólogo nas Obras Contra as Secas, no Ceará.

Foi homem de múltiplos talentos, pois foi jornalista, poeta, compositor, teatrólogo, humorista, publicitário, além de engenheiro e bibliotecário.E em todas as áreas obteve sucesso, especialmente como publicitário. "É dele, por
exemplo, o slogan da Bayer que correu o mundo, garantindo a qualidade dos produtos daquela empresa:
"Se é Bayer é bom". Foi ele ainda quem fez a letra para Ary Barroso musicar e Orlando Silva cantar, em 1934, o
"Chopp em Garrafa", inspirado no produto que a Brahma passou a engarrafar naquele ano, e veio a constituir-se no
primeiro jingle publicitário, entre nós." (As vidas..., p. 16).

Prestou concurso para Bibliotecário do Museu Nacional (1915) com tese sobre a Classificação Decimal. Mais tarde, transferiu-se para a Biblioteca Central da Universidade do Brasil, onde serviu por mais de 20 anos.

Exerceu a profissão de bibliotecário por 40 anos, é considerado o primeiro bibliotecário por concurso, no Brasil.

Obras publicadas:

Saguão da Posteridade. Rio de Janeiro : Tipografia Altina, 1902.
Versos Perversos. Rio de Janeiro, Livraria Cruz Coutinho, 1905.
O Maxixe. Rio de Janeiro : Tipografia Rabelo Braga, 1906.
Moinhos de Vento. Rio de Janeiro : J. Silva, 1913.
O Rapadura. Rio de Janeiro : Oficina do Teatro e Esporte, 1915.
Grão de Bico. Rio de Janeiro : Turnauer & Machado, 1915.
Bolhas de Sabão. Rio de Janeiro : Leite Ribeiro e Maurillo, 1919.
Arlequim. Rio de Janeiro : Tipografia Fluminense, 1922.
Fonte da Carioca. Rio de Janeiro : Grande Livraria Leite Ribeiro, 1922.
Ver e Amar. Rio de Janeiro : Tipografia Coelho, 1922.
Penso, logo... eis isto. Rio de Janeiro: Tipografia Coelho, 1923.
A Ceia dos Coronéis. Rio de Janeiro : Tipografia Coelho, 1924.
Meu bebê. Rio de Janeiro : P. Assniann, 1924.
Poemas da Primeira Infância. Rio de Janeiro : Tipografia Coelho, 1925.
Brinquedos de Natal. Rio de Janeiro : L. Ribeiro, 1925.
Chantez Clair. Rio de Janeiro : L. Ribeiro, 1926.
Zig-Zag. Rio de Janeiro, 1926.
Carnaval: poemas em louvor ao Momo. Rio de Janeiro, 1932.
Poesias Humorísticas. Rio de Janeiro : Flores & Mário, 1933.
Entardecer. Rio de Janeiro, 1935.
As Parábolas de Cristo. Rio de Janeiro : Borsoi, 1937.
Getúlio Vargas. Rio de Janeiro : Imprensa Nacional, 1937.
Uma Coisa e Outra. Rio de Janeiro : Borsoi, 1937.
Li-Vi-Ouvi. Rio de Janeiro : J. Olympio, 1938.
Senhorita Vitamina. Rio de Janeiro : Sociedade Brasileira de Autores Teatrais, 1942.
Recitália. Rio de Janeiro : H. B. Tigre, 1943.
Martins Fontes. Santos : Sociedade dos Amigos de Martins Fontes, 1943.
Aconteceu ou Podia ter Acontecido. Rio de Janeiro : A Noite, 1944.
Cancionário. Rio de Janeiro : A Noite, 1946.
Conceitos e Preceitos. Rio de Janeiro : A Noite, 1946.
Musa Gaiata. São Paulo : O Papel, 1949.
Sol de Inverno. Rio de Janeiro, 1955.

                                                  Fontes biográficas:

 

AS VIDAS DE BASTOS TIGRE, 1882-1982. Catálogo da exposição comemorativa do centenário de nascimento.
Rio de Janeiro : ABI FUNARTE, Centro de Documentação; Companhia de Cigarros Souza Cruz, 1982. 32p. il.
MENEZES, Raimundo. Bastos Tigre e "La Belle Époque". São Paulo : Edart, 1966. 395p.
MENEZES, Raimundo de. Dicionário literário brasileiro. 2. ed. rev. aum. e atual. Rio de Janeiro :
Livros Técnicos e Científicos, 1978. 803 p.
PARDAL, Paulo. Memórias da Escola Politécnica. Rio de Janeiro : Xerox do Brasil : UFRJ, Escola de
Engenharia, 1984. 204p. (Biblioteca Reprográfica Xerox, 21)
Fonte iconográfica:
MENEZES, Raimundo. Bastos Tigre e "La Belle Époque". São Paulo : Edart, 1966. 395p.