Roberto Medeiros
O abraço, amiga, é um gesto
Afetivo, um manifesto,
Sensível, que o coração
Mais do que a mente nos dita
Pedindo que se transmita
Para alguém nossa emoção.
O abraço, amiga, é uma carga
Muito doce ou muito amarga
De um estado emocional...
Carinho que se refina
E a nossa alma ilumina
Como se fosse Natal.
O abraço, amiga, é um laço
Que nos conduz ao regaço
Onde mora o bem-querer...
É um traço de união,
Um ponto de afirmação
Por entre um Ser e outro Ser.
O abraço, amiga, ele emana
Daquela grandeza humana
De se fazer solidário...
É um ato de bondade,
De afeição e de amizade,
Florindo nosso calvário.
O abraço, amiga, é o instante
De uma união fascinante
Onde as almas se entendendo
Vão, rogando em comunhão,
Que, cada um coração
Escute o outro batendo.
O abraço, amiga, desejo
Não confundi-lo com beijo
Já que eu sempre os entrelaço...
O passarinho – lhe explico –
É que beija com o bico
Sem o aconchego do abraço.
O abraço, amiga, é gracioso,
Espontâneo, dadivoso,
Assim como o sol que nasce,
Como o ar que se respira,
A lágrima que transpira
E umedece a nossa face.
O abraço, amiga, no entanto,
Tem gente – prá nosso espanto –
Que recusa concedê-lo,
Que evita nos abraçar,
Com receio de gastar
Como se fosse perdê-lo.
O abraço, amiga... tem gente
Que supõe, infelizmente,
Que ninguém o mereceu...
É que acredita, talvez,
Que o seu acervo se fez
Dos abraços que não deu.
O abraço, amiga, há de ser
Como o seu que vem trazer
O gosto de se gostar...
A pretexto, neste passo,
Tem aí um doce abraço
Sobrando para me dar?...
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