Saiu o Semeador a semear
Semeou o dia todo
e a noite o apanhou ainda
com as mãos cheias de sementes.
Ele semeava tranqüilo
sem pensar na colheita
porque muito tinha colhido
do que outros semearam.
Jovem, seja você esse semeador
Semeia com otimismo
Semeia com idealismo
as sementes vivas
da Paz e da Justiça.

 

 

1889/1985

 

Todos os direitos reservados a autora

 

 

Biografia
 

Ana Lins de Guimarães Peixoto Brêtas nasceu em Goiás (Goiás Velho), em 1889, na casa que pertencia à sua família havia cerca de um século e que se tornaria o museu que hoje reconta sua história.

Filha do desembargador Francisco de Paula Lins dos Guimarães Peixoto e de Jacita Luiza do Couto Brandão, Aninha da Ponte da Lapa, como era chamada, e, mais tarde, Cora Coralina, cursou apenas as primeiras séries (antigo Primário) escolares com a mestra Silvina. Apesar disso, em 1903, já escrevia poemas sobre seu cotidiano, tendo criado com duas amigas, em 1908, o jornal de poemas femininos "A Rosa". Em 1910, seu primeiro conto, "Tragédia na Roça", é publicado no "Anuário Histórico e Geográfico do Estado de Goiás", já com o pseudônimo de Cora Coralina.

Em 1911, conhece o advogado divorciado Cantídio Tolentino Brêtas, com quem foge e vai morar em Jaboticabal, interior de São Paulo, onde nasceram e foram criados seus seis filhos. Seu marido a proíbe de integrar-se à Semana de Arte Moderna, a convite de Monteiro Lobato, em 1922. Em 1928, muda-se para São Paulo (SP) e, anos depois, torna-se vendedora de livros da editora José Olimpio.

Doceira de profissão, com a mesma simplicidade de seus personagens, Cora fazia e vendia doces cristalizados.

Seu primeiro livro, “Poemas dos Becos de Goiás e Outras Histórias Mais”, foi publicado em 1965, e levou Cora, aos 75 anos, finalmente a ser reconhecida como a grande porta-voz de uma realidade interiorana já afetada pelo avanço da modernidade. Ficou famosa principalmente quando suas obras chegaram às mãos de Carlos Drummond de Andrade, quando ela tinha quase 90 anos de idade. Surpreendido com a obra de Cora, escreveu-lhe em 1979: "(...) Admiro e amo você como a alguém que vive em estado de graça com a poesia. Seu livro é um encanto, seu lirismo tem a força e a delicadeza das coisas naturais (...)".

A obra de Cora Coralina se caracteriza pela espontaneidade e pelo retrato que traça do povo do seu Estado, seus costumes e seus sentimentos.

Ela faleceu em Goiânia a 10 de abril de 1985. Logo após sua morte, seus amigos e parentes uniram-se para criar a Casa de Coralina, que mantém um museu com objetos da escritora.