Maranh�o Sobrinho


Enquanto mam�e Chiquinha
no quarto o ca�ula embala,
com os contos da Carochinha,
os dois namoram na sala.

-Tu n�o te zangas Corinha,
se eu te beijar? Anda...fala!
-N�o sei, n�o, diz-lhe a priminha
e um beijo bem longo estala.

A m�e, que, ao menor ru�do,
se assusta, pergunta: -Cora,
que foi isto? e atenta o ouvido.

Diz-lhe a filha que a escutou:
-N�o foi nada, n�o, senhora:
foi o gato que espirrou!


Maranh�o Sobrinho

1879 / 1915

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Biografia

 

     Bo�mio not�rio e de vida inteiramente desregrada, Maranh�o Sobrinho "foi o mais consider�vel poeta do seu tempo, no extremo Norte, e o simbolista ortodoxo, o satanista por excel�ncia do movimento naquela regi�o", segundo o cr�tico Andrade Murici.

    Criado em Barra do Corda, no interior do Maranh�o, conta-se que quando crian�a era irrequieto, brincalh�o e levado mesmo da breca, no dizer dos seus contempor�neos. Freq�entou irregularmente os primeiros estudos no conceituado col�gio do Dr. Isaac Martins, educador de excepcionais qualidades, ardoroso propagandista republicano e abolicionista.

    Em 15 de agosto de 1899, com o aux�lio paterno, embarcou para S�o Lu�s, onde no ano seguinte funda a "Oficina dos Novos" e matricula-se com o nome de Jos� Maranh�o Sobrinho na antiga Escola Normal, em 1901, tendo para isso obtido a ajuda de uma pequena bolsa de estudo, naqueles tempos denominada pens�o. Por motivo de se haver indisposto com alguns professores, em seguida abandonava o curso normal e, sem emprego, aos poucos entregou-se � vida bo�mia.

    Em 1903, impressionados com a vida bo�mia que levava em S�o Lu�s, alguns amigos mais dedicados o embarcaram, quase � for�a, para Bel�m do Par�, na esperan�a de que ali mudasse de procedimento, trabalhasse e arranjasse meios de publicar seus livros.

    Na capital paraense, colocou-se no jornal Not�cias e passou a colaborar na tradicional Folha do Norte. Bem depressa, tornou-se popular nas rodas bo�mias e nos meios intelectuais. Colaborou tamb�m em jornais e outras publica��es de S�o Lu�s e de v�rios Estados, incluindo-se entre estas a Revista do Norte, de Ant�nio L�bo e Alfredo Teixeira.

    Em 1908 funda Academia Maranhense de Letras, unido � pl�iade de escritores e poetas locais. Nisso transfere-se para a Amaz�nia onde, residindo em Manaus, passa a colaborar com a imprensa local e torna-se membro fundador da Academia Amazonense de Letras.

    Sua vida sempre foi bo�mia e desregrada, escrevendo seus versos em bares, mesas de botequim ou qualquer ambiente em que predominasse �lcool, papel e tinta. Despreocupado pela sorte dos seus poemas, publicou seus livros em p�ssimas edi��es sem capricho ou conserva��o, aos cuidados de amigos e admiradores, deixando esparsa grande parte do que escreveu em jornais, revistas e folhas de cadernos de venda.

    Novamente muda-se mas para Bel�m, onde conhece o poeta Carlos D. Fernandes, que havia sido amigo de Cruz e Sousa e pertencera ao grupo da revista Rosa-Cruz. Dois anos depois, de retorno a Manaus, l� fixa-se como funcion�rio p�blico do Estado, onde vem a falecer no dia do seu anivers�rio em plena noite de natal, no dia 25 de dezembro de 1915, com apenas 36 anos de idade.

    Em Barra da Corda, o seu nome � lembrado oficialmente em uma �nica pra�a e pela Academia Barra-Cordense de Letras.

    A poesia de Maranh�o Sobrinho � de fato colorida e fantasiosa, por vezes cheia de um resplendor de pedrarias, quando muito se revela sat�nica e, em alguns momentos, penetrada do amargor de Cruz e Sousa. "... � o representante mais completo da escola simbolista no Maranh�o", diz Ant�nio Reis Carvalho, e de fato, segundo os cr�ticos liter�rios, � not�ria a influ�ncia dos poetas franceses Mallarm�, Verlaine e Baudelaire.

    Na poesia de Maranh�o Sobrinho a id�ia � simb�lica, o sentimento � rom�ntico e a forma � parnasiana, afirma o literato Reis Carvalho.

    Literariamente batizado na escola simbolista, Maranh�o Sobrinho � conhecido pelos cr�ticos e estudiosos de literatura como um dos tr�s melhores poetas simbolistas brasileiros, ao lado de Cruz e Souza e Alphonsus de Guimar�es.