Biografia
Filho do agricultor Pedro Gonçalves da Silva e de
Maria Pereira da Silva, Patativa do Assaré
veio ao mundo no dia 9 de março de 1909. Criado
num ambiente de roça, na Serra de Santana, próximo
a Assaré , seu pai morrera quando tinha apenas
oito anos legando aos seus filhos Antônio, José,
Pedro, Joaquim, e Maria o ofício da enxada,
"arrastar cobra pros pés" , como se diz no sertão.
A sua vocação de poeta, cantador da existência e
cronista das mazelas do mundo despertou cedo, aos
cinco anos já exercitava seu versejar. A mesma
infância que lhe testemunhou os primeiros versos
presenciaria a perda da visão direita, em
decorrência de uma doença, segundo ele, chamada
"mal d'olhos".
Sua verve poética serviu vassala a denunciar
injustiças sociais, propagando sempre a
consciência e a perseverança do povo nordestino
que sobrevive e dá sinais de bravura ao resistir
ao condições climáticas e políticas desfavoráveis.
A esse fato se refere a estrofe da música Cabra da
Peste:
"Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrê
Não nego meu sangue, não nego meu nome.
Olho para a fome , pergunto: que há ?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará."
Embora tivesse facilidade para fazer versos desde
menino, a Patativa do município de Assaré, no Vale
do Cariri, nunca quis ganhar a vida em cima do seu
dom de poeta. Mesmo tendo feito shows pelo Sul do
país, quando foi mostrado ao grande público por
Fagner em finais da década de 70, até hoje se
considera o mesmo camponês humilde e mora no mesmo
torrão natal onde nasceu, no seu pedaço de terra
na Serra de Santana.
Do Vale do Cariri, que com- preende o Sul do Ceará
e parte Oeste da Paraíba, muitas famílias migraram
para outras regiões do Brasil. A própria família
Gonçalves , da qual faz parte o poeta, se largou
do Crato , de Assaré e circunvizinhan- ças para o
Sul da Bahia, em busca do dinheiro fácil do cacau,
nas décadas de 20 e 30.
Seus livros foram publicados ocasionalmente por
pesquisadores e músicos amigos e, parceria com
pequenos selos tipográficos e hoje são relíquias
para os colecionadores da literatura nordestina.
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