Maciel
Monteiro
Maciel Monteiro (Antônio
Peregrino M. M., 2º Barão de Itamaracá),
médico, jornalista, diplomata, político,
orador e poeta, nasceu em Recife, PE, em 30 de
abril de 1804, e faleceu em Lisboa, Portugal,
em 5 de janeiro de 1868. É o patrono da
Cadeira nº 27, por escolha do fundador Joaquim
Nabuco.
Era filho do Dr. Manuel Francisco Maciel
Monteiro e de mulher Manuela Lins de Melo. Fez
estudos preparatórios em Olinda, seguindo, em
1823, para a França. Ingressou na Universidade
de Paris, onde recebeu o grau de bacharel em
Letras (1824), em Ciências (1826) e
doutorou-se em Medicina (1829). Regressou em
1829 ao Recife, onde exerceu alguns cargos
médicos, mas logo abandonou a profissão pela
política e pela diplomacia, carreira mais de
acordo com sua índole mundana e social.
Elegante, vaidoso, foi um perfeito
galanteador, cujo talento poético se converteu
em instrumento de esnobismo e volubilidade
amorosa.
Foi vereador da Câmara Municipal e diretor do
Teatro Público. Ligado ao Partido Conservador,
foi eleito deputado provincial (1833) e geral
(1834-1844 e 1850-1853), ministro dos Negócios
Estrangeiros de 1837 e 1839 e, deste ano a
1844, diretor da Faculdade de Direito de
Olinda. Nomeado membro do Conselho do
Imperador em julho de 1841 e diretor geral da
Instrução Pública em Pernambuco, em 1852. Foi
redator e colaborador de: O Lidador, órgão do
Partido Republicano (Recife, 1845-1848); A
Carranca, periódico
político-moral-satírico-cômico (Recife, 1846);
A União, órgão do Partido Conservador (Recife,
1848-1851). Abandonando a política, foi para
Lisboa em 1853, como enviado extraordinário e
ministro plenipotenciário do Brasil. Teve boa
atuação diplomática e tornou-se notório pelos
serviços contra os moedeiros falsos de Lisboa
no Brasil, o que lhe valeu o título de 2o
Barão de Itamaracá. Estava a serviço do Brasil
quando ali faleceu. Seus restos mortais foram
trasladados para Pernambuco em 1870 e
encerrados em 1872 no mausoléu que a Câmara
Municipal do Recife mandou erigir no cemitério
do Senhor Bom Jesus da Redenção em Santo
Amaro.
A sua formação cultural na Europa, o contato
com o Romantismo francês e posteriormente com
o Romantismo português determinaram a feição
romântica da sua obra antes mesmo de se achar
definido no Brasil o Romantismo. O poeta
original caracterizou-se por ser quase um
improvisador. Deixava poesias em álbuns de
senhoras, em mãos de amigos, esparsas. A sua
melhor produção literária é representada pelas
poesias lírico-amorosas, mas nada publicou
além da tese de medicina, em francês, e
algumas poesias e discursos parlamentares,
entre os quais se destaca o que pronunciou em
10 de junho de 1851 acerca da abolição do
tráfico negro, e isso revela duplo aspecto
pouco conhecido de Maciel Monteiro: o orador e
o abolicionista. Palavras suas: "sempre
detestei a escravidão; a minha natureza como
que se revolta à sombra de qualquer jugo";
"sempre me reputei abolicionista". A fortuna
crítica de Maciel Monteiro tem sofrido altos e
baixos. Para Sílvio Romero, é um importante
poeta de transição e um dos predecessores do
lirismo hugoano; para José Veríssimo, uma
simples lenda. Foi reabilitado na sua justa
medida por José Aderaldo Castelo.
Obras: Dissertation sur la nature, les
symptômes de l'inflammation de l'arachnoïde et
son rapport avec l'encephalite (1829);
Poesias, sob a direção de João Batista
Regueira Costa e Alfredo de Carvalho (1905);
Discurso por ocasião da fundação da Sociedade
de Medicina Pernambucana (4.4.1841), in Anais
de medicina pernambucana. Anais do parlamento
brasileiro, de 1834 a 1853.
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