Fagundes Varela
 
Desponta a estrela d'alva, a noite morre.
Pulam no mato al�geros cantores,
E doce a brisa no arraial das flores
L�nguidas queixas murmurando, corre.
 
Vol�vel tribo a solid�o percorre
Das borboletas de brilhantes cores;
Solu�a o arroio; diz a rola amores
Nas verdes balsas donde o orvalho escorre.
 
Tudo � luz e esplendor; tudo se esfuma
�s car�cias d'aurora, ao c�u risonho,
Ao fl�reo bafo que o sert�o perfuma!
 
Por�m minh'alma triste e sem um sonho
Repete olhando o prado, o rio, a espuma:
- Oh! mundo encantador, tu �s medonho!
 
Fagundes Varela
Todos os direitos reservados ao autor
 
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 Nascimento...:  17/08/1841
 Falecimento..:  18/02/1875

 
 
 

 

Biografia

 

     Lu�s Nicolau Fagundes Varela nasceu na Fazenda Santa Rita, em Rio Claro (RJ). Em 1859, transferiu-se para S�o Paulo, mas s� conseguiu ingressar na Faculdade de Direito em 1862. Influenciado pelos �ltimos suspiros do "byronismo" estudantil paulistano, dedica-se � bo�mia e � bebida, atra�do constantemente pela marginalidade. A morte de seu primeiro filho inspira-lhe seu mais conhecido poema, C�ntico do Calv�rio. Tenta concluir o curso de Direito em Recife, mas a morte da esposa o faz retornar a S�o Paulo. Abandona, ent�o, a faculdade e retorna � fazenda onde nascera, continuando a escrever poesia. Casando-se outra vez, muda-se para Niter�i, onde se entrega � bebida e vem a falecer.
     Em 1861, publicara o primeiro livro de poesias, Noturnas.
Vivendo na �ltima fase do Romantismo, a sua poesia revela um h�bil poeta do verso. Em "Arqu�tipo", um dos primeiros poemas, faz profiss�o de f� de t�dio rom�ntico, em versos brancos. Embora o preponderante em sua poesia seja a ang�stia e o sofrimento, evidenciam-se outros aspectos importantes: o patri�tico, em O estandarte auriverde (1863) e Vozes da Am�rica (1864); o amoroso, na fase l�rica, dos poemas ligados � natureza, e, por fim, o m�stico e religioso. O poeta n�o deixa de lado, tamb�m, os problemas sociais, como o abolicionismo.