Pelas culpas de
amor, que me condenas,
Indefeso, a expiar, como traidor,
Eu não posso nem devo, as duras penas
Sem revolta sofrer, do seu rigor.
Como pensar que tuas mãos pequenas
E delicadas pétalas de flor,
Tracem as frases más, com que envenenas
Meu ser, e a taça esgote do amargor?
Não faças mais de mim tão triste juízo...
Vem ver-me, e traze os beijos e o sorriso
Com que a amargura tanta vez me adoças.
Desculpas não te peço, e nem escusas,
Pois que as culpas de amor de que me acusas,
Não são minhas, nem tuas, mas, são nossas.
1873 -
1951
Todos os
direitos reservados ao autor
Tarde. O sol
agoniza no ocidente
Como um pássaro de ouro que se aninha,
A sombra vem descendo lentamente,
Passa, tardia, a última andorinha.
Brilha, agora, no espaço, resplendente,
A vespertina estrela, que à noitinha,
Guia e conduz, amiga e previdente,
Pela montanha agreste a pastorinha.
Calou-se o sabiá, que na devesa
Saudara o pôr-do-sol. A natureza
Despediu-se da luz e da alegria.
Nesta hora saudosa, doce e calma,
Sinto invadir-me, pouco a pouco a alma
Uma pungente e funda nostalgia.
1873 -
1951
Todos os
direitos reservados ao autor
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