Castro Alves
Amar e ser amado! Com que anelo
Com quanto ardor este adorado sonho
Acalentei em meu delírio ardente
Por essas doces noites de desvelo!
Ser amado por ti, o teu alento
A bafejar-me a abrasadora frente!
Em teus olhos mirar meu pensamento,
Sentir em mim tu’alma, ter só vida
P’ra tão puro e celeste sentimento:
Ver nossas vidas quais dois mansos rios,
Juntos, juntos perderem-se no oceano -,
Beijar teus dedos em delírio insano
Nossas almas unidas, nosso alento,
Confundido também, amante - amado -
Como um anjo feliz... que pensamento!?
Todos os direitos reservados ao autor
1847/1871
Biografia
Antônio
de Castro Alves nasceu a 14 de março de 1847 na comarca de
Cachoeira, na Bahia,
e faleceu a 6 de julho de 1871, em Salvador, no mesmo estado
brasileiro.
Fez o curso primário no Ginásio Baiano. Em 1862 ingressou na
Faculdade de Direito de Recife. Datam desse tempo os seus
amores com a atriz portuguesa Eugênia Câmara e a composição
dos primeiros poemas abolicionistas : Os Escravos e A
Cachoeira de Paulo Afonso, declamando-os em comícios
cívicos.
Em 1867 deixa Recife, indo para a Bahia, onde faz
representar seu drama : Gonzaga. Segue depois para o Rio de
Janeiro, recebendo aí incentivos promissores de José de
Alencar, Francisco Otaviano e Machado de Assis.
Em São Paulo, encontra nas Arcadas a mais brilhante das
gerações, na qual se contavam Rui Barbosa, Joaquim Nabuco,
Rodrigues Alves, Afonso Pena, Bias Fortes e tantos outros.
Vive, então, os seus dias de maior glória.
A 11 de novembro de 1868, em caçada nos arredores de São
Paulo, feriu o calcanhar esquerdo com um tiro de espingarda,
resultando-lhe a amputação do pé. Sobreveio, em seguida, a
tuberculose, sendo obrigado a voltar à Bahia, onde veio a
falecer.
Castro Alves pertenceu à Terceira Geração da Poesia
Romântica (Social ou Condoreira), caracterizada pelos ideais
abolicionistas e republicanos, sendo considerado a maior
expressão da época. Sobre o grande poeta, Ronald de Carvalho
diz : "- mais perto andou da alma nacional e o que mais tem
influído em nossa poesia, ainda que, por todos os modos,
tentem disfarçar essa influência, na verdade sensível e
profunda".
Suas obras : Espumas Flutuantes, Gonzaga ou A Revolução de
Minas, Cachoeira de Paulo Afonso, Vozes D'África, O Navio
Negreiro, etc.
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