Alberto de Oliveira
Era um hábito antigo que ele tinha:
entrar dando com a porta nos batentes
— "Que te fez esta porta?" a mulher vinha
e interrogava... Ele, cerrando os dentes:
— "Nada! Traze o jantar." — Mas à noitinha
calmava-se; feliz, os inocentes
olhos revê da filha e a cabecinha
lhe afaga, a rir, com as rudes mãos trementes.
Uma vez, ao tornar à casa, quando
erguia a aldrava, o coração lhe fala
— "Entra mais devagar..." Pára, hesitando...
Nisso os gonzos range a velha porta,
ri-se, escancara-se. E ele vê na sala
a mulher como doida e a filha morta.
Todos os direitos reservados ao autor
1857-1937
Biografia
Alberto de Oliveira (1857-1937) publicou seu primeiro livro de
poesia, "Canções Românticas", em 1878. Na época, trabalhava como
colaborador do Diário, com verso e prosa, sob o pseudônimo Atta
Troll. Em 1883 conheceu Olavo Bilac e Raimundo Correia, com os quais
formaria a tríade do Parnasianismo brasileiro. Formou-se em
Farmácia, no Rio, em 1884. Iniciou o curso de Medicina, mas não
chegou a concluí-lo. Na época, publicou "Meridionais" (1884), e em
seguida "Sonetos e Poemas" (1886) e "Versos e Rimas" (1895). Foi
inspetor e diretor da Instrução Pública Estadual e Professor de
Português e História Literária no Colégio Pio-Americano. Em 1897
tornou-se membro-fundador da Academia Brasileira de Letras. Publicou
"Lira Acaciana" (1900), "Poesias" (1905), "Ramo de Árvore" (1922),
entre outras obras poéticas. Foi eleito "Príncipe dos Poetas
Brasileiros", em 1924, por concurso da revista Fon-Fon. Em 1978
foram publicadas suas "Poesias Completas". Alberto de Oliveira é um
dos maiores nomes da poesia parnasiana no Brasil.
|
|