Ao ler alguns poemas do Sardenberg
encantei-me de imediato logo nas primeiras
estrofes da sua poesia. O calor de
animação com que o poeta conduz a sua
narrativa — soltando as rédeas da sua
imaginação para atingir o íntimo de seus
sentimentos, passeando pelo seu imaginário
que é um mundo encantado — começa em uma
cadência de palavras, de estilo suave, e
termina com desfechos surpreendentes.
Em determinados momentos das suas
histórias ele conduz o leitor à doçura
contagiante das suas frases, que na
verdade são versos puríssimos, de bom
gosto e de sensibilidade ímpar: uma
sensibilidade com impressão digital, com
grife e com características próprias;
típica dos poetas pensadores e dos
contempladores da alma humana.
Seus versos são firmes e
coerentes, de uma beleza invulgar, passam
pela abstração dos devaneios — ao
alheamento do espírito frente ao realismo
que a matéria apresenta-nos a cada momento
da vida - para depois acomodarem-se no
branco do papel em forma de versos. E,
ainda, trazem idéias novas, e metáforas de
apuradas coerências figurativas. Tudo isso
sem inclinarem-se à mesmice do assunto.
O poeta Sardenberg tem uma
tendência à gentileza das palavras, e lida
com elas com o lápis e os pensamentos, nas
mãos, que são as únicas ferramentas do
escritor. Seus versos variam do
parnasianismo ao modernismo sem que com
isso se tornem enfadonhos, pois que são
sublinhados da elegância dos observadores
fidalgos.
A arte do diálogo poético
encontra-se justamente nessa simplicidade
das idéias claras; nessa categoria
superior da dialética. É nessa síntese
inversa que se procede o milagre das
estrofes que transferem a teoria complexa
do pensamento para a simplicidade absoluta
da idéia.
Sardenberg tem essa excelência que
só possuem as criaturas iluminadas e
tocadas pela divindade inspiradora da
poesia.
Resta-me apenas uma observação
final: trata-se de um poeta ímpar, isto é
inquestionável!
Poeta e Escritor
Juiz de Fora, 18/06/2004
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